O governo moçambicano homenageou ontem o editor Zeferino Coelho, da Caminho, pelos seus 46 anos no mundo da edição. Numa cerimónia realizada no Ministério da Cultura e Turismo de Moçambique, em Maputo, a homenagem deveu-se ao papel desempenhado pelo editor na divulgação da literatura moçambicana e africana.

Considerado responsável pela abertura de portas à publicação de autores africanos em Portugal, foi pela sua mão que se começaram a ler por cá autores africanos lusófonos como Pepetela, Mia Couto, Rui Monteiro e Luandino Vieira, entre outros.

A cerimónia foi dirigida pelo Ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, na presença de alguns escritores nacionais cujos livros foram editados pelo laureado, entre os quais Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosa, Paulina Chiziane e João Paulo Borges Coelho.

Os autores realçaram o papel de Zeferino Coelho na promoção da literatura moçambicana, sobretudo na época colonial em que os escritores africanos eram proibidos na Europa, e em Portugal particularmente, tendo aceitado trabalhar com escritores ainda no anonimato.

Por sua vez o Ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, explicou que a homenagem a Zeferino Coelho justifica-se pelo facto de ele não ter-se dedicado apenas a edição de livros, mas também a promoção dos próprios escritores.

“Para o nosso caso ele não se limitou à literatura. Também fez publicar trabalhos de artistas plásticos como Malangatana, Roberto Chichorro, Naguib, Dana Michaelles, José Pádua, Luís Cardoso e publicou ainda estudos e ensaios de várias figuras nacionais”, disse Dunduro.

Presente na cerimónia, Zeferino Coelho agradeceu a iniciativa e referiu que ele é quem deveria homenagear os moçambicanos pela hospitalidade e fraternidade com que o receberam a primeira vez que pisou a África, em Moçambique.

Zeferino Coelho encontra-se por estes dias em Maputo onde participou, também, na inauguração da Fundação Fernando Leite Couto, criada pelos filhos – o escritor Mia Couto e os irmãos Fernando e Armando Jorge – em homenagem ao trabalho desenvolvido pelo pai a favor das crianças e da literatura.